Sunday, April 22, 2007

Sobre a reforma do São Vito

Andei pesquisando uns artigos sobre a reforma do São Vito na internet e descobri algumas coisas bem interessantes. Por exemplo, numa reportagem de jornal colocada aqui recentemente dizia-se que um dos pontos seria transformar os aptos em kitinetes, o que gerou muita discussão aqui, pois como bem sabemos, quanto menor o apto e o preço, maior a chance de ser mal ocupado e virar cortiço. Pois bem, ao contrário do que deu a entender nessa reportagem de jornal, o projeto da reforma não pretende transformar os aptos em kitinetes, mas sim extermina-las!! Pois é, o projeto original do prédio é de 24 (!!) apartamentos kitinetes de 30 m2 por andar, não é a toa que virou essa favela vertical. O projeto do arquiteto Riberto Loeb pretende diminuir para 15 o nº de unidades por andar, fazendo apartamentos de 1 e 2 dormitórios, além de dividir o prédio em 2 condomínios para facilitar a administração.

Bom, esse é um dos pontos que me deixou um pouco mais tranquilio quanto a reforma, os demais vcs podem ler nesse artigo abaixo, se fizerem tudo isso que está previsto o prédio pode mesmo virar um ponto bem interessante da cidade, com direito a mirante e tudo, vejam, em especial a parte que destaquei



Folha de São Paulo - 26/12/2003

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O edifício São Vito --o "treme-treme", localizado em frente ao Mercado Municipal, no centro de São Paulo (SP)-- deve ser totalmente desocupado até o fim de fevereiro. Em março, a Prefeitura de São Paulo vai dar início a uma grande reforma no local, que deve ser finalizada até dezembro do ano que vem. O decadente prédio foi inaugurado em 1959, possui 624 apartamentos e abriga, atualmente, 510 famílias. Ontem, a prefeitura entrou na Justiça com um processo de desapropriação de 423 imóveis. "São apartamentos vazios ou invadidos", explica o secretário municipal da Habitação, Paulo Teixeira. Os outros 201 apartamentos ocupados pelos seus atuais donos serão desapropriados em janeiro. No prédio também há estabelecimentos comerciais --como um mercadinho e uma alfaiataria-- que vão entrar no processo. Todos os moradores só poderão permanecer nos imóveis até o pagamento da desapropriação, em fevereiro. A média é de R$ 6.000 por apartamento --a Justiça estipulou o valor de acordo com o cobrado no mercado na venda dos imóveis do edifício. A intenção da prefeitura é desapropriar o prédio, vendê-lo para a CEF (Caixa Econômica Federal) e, depois da reforma, refinanciar a venda dos apartamentos pelo PAR (Programa de Arrendamento Residencial), uma parceria da prefeitura com o banco. O problema é que, para entrar no programa, as famílias devem ter renda comprovada entre três e seis salários mínimos --e só 20% dos atuais moradores se encaixariam nesse perfil. Aluguel subsidiado Além do valor pago por cada apartamento, a Secretaria da Habitação espera aprovar, em janeiro, a liberação de uma verba para subsidiar o aluguel dos moradores que terão de deixar o edifício --pelo menos durante a reforma. "Será uma ajuda de custo", diz Teixeira. A estimativa é que sejam gastos cerca de R$ 11 milhões --R$ 8 milhões com a reforma, e o restante, com a desapropriação. O novo projeto, de autoria do arquiteto Roberto Loeb, prevê reforma nos elevadores e nos sistemas hidráulico e elétrico. O prédio deverá virar ponto turístico, já que ganhará mirante e capela. A fachada ganhará revestimento metálico, e uma das paredes terá um mural do pintor Eduardo Sued. A reforma do edifício faz parte do projeto de revitalização da região do parque Dom Pedro 2º, situado próximo ao local. No "Diário Oficial" do Município de 17 de agosto, a prefeitura decretou que o São Vito é um "bem de interesse social". Os atuais donos dos apartamentos podem questionar, na Justiça, o valor da desapropriação, mas não a propriedade. Cinco outros prédios da região central passarão pelo processo: o Prestes Maia, o Aurora, o Asdrubal Nascimento, o Riachuelo e o Hotel São Paulo.
>Olha a plnata original do prédio, pudera que virou um cortição... idéia de jacú do arquiteto... não é a toa que é do mesmo construtor do Mirante do Vale!!



História do prédio vai virar filme:

Folha de SP - 04/02/2004
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Vila vertical

O cineasta Ugo Giorgetti realizou, há dez anos, um filme de ficção intitulado "Sábado" em que sintetizava o caos paulistano num edifício decadente. As lembranças dos tempos gloriosos do prédio, ainda fixadas em fragmentos decorativos, mesclam-se na diversidade dos novos inquilinos sem resquícios do glamour do passado. São seres marginalizados e solitários, sempre à espera de um improvável elevador. Desde a semana passada, o cineasta vive a ficção às avessas.

Ele começou a rodar um documentário sobre o prédio que simboliza a decadência paulistana, mas está em via de se converter em uma experiência inusitada de recuperação urbana. É exatamente o inverso do roteiro de "Sábado". Giorgetti instalou-se no São Vito, no Pari -um cenário fétido, com seus 26 andares, apenas um elevador, 600 apartamentos, quase todos kitchenettes, onde se misturam trabalhadores, donas-de-casa, aposentados, travestis, prostitutas, traficantes, desempregados, drogados, todos prestes a serem desalojados por causa da reforma.

A idéia é registrar o começo, o meio e o fim da obra, com a volta de alguns dos antigos moradores do São Vito. O projeto arquitetônico, de Roberto Loeb -criador da Oficina Boracea, da sede do Unibanco, da sede da Natura e da Casa de Cultura de Israel, entre outros-, é ambicioso. "Vamos fazer uma vila vertical", diz Loeb.

O São Vito teria o aconchego de uma vila. Além da construção de apartamentos maiores -cada andar terá personalidade própria-, está planejada a criação de uma creche no 26º andar e de um restaurante-escola comunitário no térreo. Essa escola vai formar mão-de-obra qualificada para trabalhar com culinária, aproveitando-se da proximidade do Mercado Municipal, em via de se tornar um centro gastronômico. O que é hoje o tumultuado estacionamento do prédio, onde se amontoam ônibus que deixam compradores na 25 de Março, deverá ser uma praça que se estenderá, sem interrupção, até o parque Dom Pedro, passando pelo Museu da Cidade, ex-sede da prefeitura. O São Vito passaria, portanto, a ficar dentro de um parque.

O final desse filme pode ter ou não um desfecho feliz. Depois da reforma, se conseguir financiamento para recomprar um apartamento no São Vito, o atual morador vai viver num dos bons lugares da cidade. Se não conseguir, o que é mais provável, terá de se conformar com outro espaço decadente.
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