As transformacões pelas quais a cidade passou, deixou saudades nos mais velhos. Nós que não chegamos à conhecer essa cidade nos primórdios do século XX ficamos pasmos de ver quanta coisa bonita virou poeira, mas a modernidade que varreu o Rio a deixou mais bela, com seus constrates, seus antigos casarões e palácios sendo refletidos nos vidros de suas modernas torres, causando uma visão de rara beleza. Trouxé aqui hoje fotos garimpadas que nos mostram uma cidade pacata, tentando se vestir de gala para mais tarde receber o nome de "Cidade Maravilhosa" - RIO DE JANEIRO ANTIGO! ********************************************** 1. Lapa A Larga Lapa, palco da história da boemia da cidade, local onde os malandros e as mulheres mundanas passavam diariamente para alcançar as estreitas ruas e travessas que existiam em grande número no passado, e que ainda existem no bairro da Lapa. Com as obras de urbanização realizadas nas últimas décadas, o bairro sofreu progressivas transformações que alteraram completamente sua fisionomia. Os famosos cafés, restaurantes, leiteiras, que eram os pontos de encontro de músicos, sambistas, artistas, intelectuais e, também, da malandragem, foram desapropriados para que fossem processadas as obras de demolição dos prédios situados na Rua Visconde de Maranguape e em grande trecho da Avenida Mem de Sá. O Grande Hotel, que figura no postal, foi edificado em 1896, pelo Comendador Guilherme Porto, e inaugurado com a demolição de Hotel Freitas, em virtude de ser este o nome de seu arrendatário. O Grande Hotel, que alojava os polÃticos no inÃcio do século, não só pelo seu luxo, mas principalmente pela proximidade com o Senado Federal que funcionava no Palácio Monroe, veio a se transforma depois no Cine Colonial, e é hoje a Sala CecÃlia Meireles . O bonito lampadário que aparece nas imagens é obra do grande estatuário Rodolpho Bernadelli, tendo sido erigido no Largo da Lapa na gestão do prefeito Pereira Passos. No alto do canto direito do postal figurado o Convento de Santa Teresa, que deu nome ao bairro em que está situado, antes conhecido como Morro do Desterro. O lampadário hoje.  2. Rua Frei Caneca A Rua Frei Caneca, que se chamou Rua Nova do Conde, Caminho Novo do Conde, Caminho do Quebra Canelas e Rua Conde d Eu, tem seu começo na Praça da República. O primeiro Vice-Rei, Dom Antônio Ãlvares da Cunha, mandou que se abrisse a Rua do Piolho, hoje Rua da Carioca, para alcançar a Mata-Cavalos, atual Rua do Riachuelo, e com isto teve sua memória lembrada até que, em 1866, a rua recebeu o nome do esposo da Princesa Isabel, perdendo um trecho para a demolição de Rua Visconde de Rio Branco. Em 1890, já com a República, decidiu-se homenagear Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, participante da Confederação do Equador, republicano, fuzilado em 1825, por não haver carrasco que o quisesse enforcar. A torre que aparece nas imagens pertence ao Quartel Central do Corpo de Bombeiros, localizado na Praça da República, inaugurado em 1902. A atual e movimentada Rua Frei Caneca mantém vários vestÃgios do Rio Antigo, como o seu casario, o quase desconhecido Chafariz do Lagarto e o Quartel da Policia Militar. 3. Arcos da Lapa O SÃtio onde hoje se encontra o Largo da Carioca era uma lagoa com o nome de Santo Antônio, antes mesmo de começar a ser construÃdo em 1608 o Convento de Santo Antônio, no outeiro localizado à s margens do lago. Para drenar a lagoa, compromisso assumido pela Municipalidade com os religiosos da Ordem de São Francisco, que em 1615 inauguraram o Convento com a Igreja de Santo Antônio, foi rasgada uma vala, transformando o banhado em Largo de Santo Antônio, que, posteriormente, se chamou Largo da Carioca. O trajeto da vala do despejo da lagoa deu origem a uma nova via, denominada de Rua da Vala, nome que conservou até 1865, quando foi substituÃdo por Rua Uruguaiana, que perdura até hoje. Nas imagens selecionadas é a rua que sobe para o lado direito. Em 1773 foram concluÃdas as obras da Igreja de São Francisco da Penitência, da Venerável Ordem Terceira da Penitência, na encosta do morro, ao lado da Igreja Conventual já existente que, salvo pequenas alterações na escadaria de acesso e em pequenos pormenores exteriores, é o mesmo bonito templo que até hoje se ergue no largo da Carioca. Em 1723, no Largo da Carioca foi inaugurada o primeiro chafariz da cidade, substituÃdo em 1750 por um outro, ambos abastecidos pelo Aqueduto da Carioca. Em 1834 foi inaugurado um novo chafariz no mesmo local, que consistia de uma paredes de pedra, simulando a fachada de uma casa, com três portas fingidas, separadas entre si por finas pilastra. A imagem deste último chafariz é que figura na maioria dos postais do Largo da Carioca do inÃcio do século. A Lapa hoje  4. Largo da Carioca O SÃtio onde hoje se encontra o Largo da Carioca era uma lagoa com o nome de Santo Antônio, antes mesmo de começar a ser construÃdo em 1608 o Convento de Santo Antônio, no outeiro localizado à s margens do lago. Para drenar a lagoa, compromisso assumido pela Municipalidade com os religiosos da Ordem de São Francisco, que em 1615 inauguraram o Convento com a Igreja de Santo Antônio, foi rasgada uma vala, transformando o banhado em Largo de Santo Antônio, que, posteriormente, se chamou Largo da Carioca. O trajeto da vala do despejo da lagoa deu origem a uma nova via, denominada de Rua da Vala, nome que conservou até 1865, quando foi substituÃdo por Rua Uruguaiana, que perdura até hoje. Nas imagens selecionadas é a rua que sobe para o lado direito. Em 1773 foram concluÃdas as obras da Igreja de São Francisco da Penitência, da Venerável Ordem Terceira da Penitência, na encosta do morro, ao lado da Igreja Conventual já existente que, salvo pequenas alterações na escadaria de acesso e em pequenos pormenores exteriores, é o mesmo bonito templo que até hoje se ergue no largo da Carioca. Em 1723, no Largo da Carioca foi inaugurada o primeiro chafariz da cidade, substituÃdo em 1750 por um outro, ambos abastecidos pelo Aqueduto da Carioca. Em 1834 foi inaugurado um novo chafariz no mesmo local, que consistia de uma paredes de pedra, simulando a fachada de uma casa, com três portas fingidas, separadas entre si por finas pilastra. A imagem deste último chafariz é que figura na maioria dos postais do Largo da Carioca do inÃcio do século. 5. Campo de São Cristóvão O Campo de São Cristóvão parece ser um dos poucos locais da cidade que após ter tido diversos nomes retornou à denominação e à ocupação original. No Governo do vice-rei Conde de Arcos foi estabelecida, em 1806, uma feira no largo conhecido como Campo de São Cristóvão, que passou a ser muito concorrida. Mais tarde em 1866, a área foi denominada Praça D. Pedro I. Com a Proclamação da República, a Municipalidade, em 1890, resolveu homenagear o comandante das forças revolucionárias de 15 de novembro de 1889, dando ao local o nome de Praça Marechal Deodoro. Ressalta-se que, desde 1808, quando a famÃlia real ocupou a Quinta da Boa Vista, Localizada em São Cristóvão, os batalhões de guarda elegeram o grande largo para executarem seus exercÃcios militares. No inÃcio deste século, mantendo a tradição, era ainda no Campo de São Cristóvão que se realizavam as paradas militares. Ali se construiu um grande pavilhão de ferro para as altas autoridades apreciarem os desfiles das tropas. Na década de 60, voltando à s suas origens, foi construÃda uma grande estrutura em forma elÃptica, destinada a abrigar feiras e exposições. A arrojada cobertura da construção que se apoiava somente em sua periferia, sem pontos internos de sustentação, acabou por desmoronar. Hoje, enquanto não se conhece o destino que será dado à s enormes ruÃnas do Palácio das Exposições, ao seu redor, aos domingos, realiza-se uma interessantÃssima feira onde predomina a presença dos nordestinos radicados no Rio de Janeiro, com suas comidas tÃpicas, suas músicas regionais, seus produtos e costumes. 6. Tiradentes O primeiro nome foi Largo do Rossio Grande, depois Campo dos Ciganos, a partir de 1747 de Campo da Lampadosa, a alteração seguinte ocorreu em 1808 para Campo do Polé, a partir 1822 transformou-se em Praça da Constituição e finalmente, em 1890, passou a ter a denominação que conserva até hoje, Praça Tiradentes Em 30 de março de 1862 foi inaugurada no centro da praça o primeiro monumento do Rio de Janeiro, homenageando D.Pedro I. através de realização de concurso público foi escolhido o projeto apresentado por João Maximiniano Mafra, ficando sua execução sob a responsabilidade do estatuário francês Louis Rochet. É provável que grande Auguste Rodin tenha participado da obra, já que era discipulado de Rochet à época.Numa antiga construção que existia na Rua do Sacramento, hoje Avenida Passos, onde atualmente encontra-se o prédio que pode ser vislumbrado à direita da foto, residiu José Bonifácio de Andrade e Silva. Posteriormente em sua parte baixa instalou-se o famoso Café do Braguinha, ponto de encontro de intelectuais e artistas na época, cujo lema era: Â"A fama do café com leite sem usura ou misturaÂ". Ao fundo da fotografia, encoberto pelas árvores, pode-se distinguir o imóvel, talvez o mais antigo da praça, que pertenceu ao Visconde do Rio Seco. Mais tarde vendido ao Barão de Taquara, foi alugado ao Clube Fluminense, que funcionou no palacete até 1876, quando o governo imperial adquiriu a propriedade para instalar a Secretaria da Justiça e dos Negócios do Interior. Até há pouco tempo funcionaram ali dependências do Departamento de Trânsito. 7. Teatro João Caetano - Praça Tiradentes O Teatro São Pedro, construção central que figura no cartão postal, foi inaugurado pela primeira vez em 1813 com o nome de Real Teatro de São João, tornando-se a maior casa de espetáculos de todo o perÃodo da monarquia brasileira. O Teatro, que a partir de 1831 passou a ser chamar de Imperial Teatro São Pedro, desempenhou importante papel na vida polÃtica do paÃs abrigando ocorrências que foram decisivas para história do Brasil. Na sua construção original foi utilizado o material destinado à edificação da Nova Sé, que foi consumido por incêndios, criou em torno de si uma espécie de tradição fatalista, que o povo a atribuÃa a um castigo divino, pois as pedras de uma Catedral jamais deveriam estar nas paredes de um teatro. Em seu palco desfilaram nomes internacionalmente consagrados, como Eleonora Duse e Sarah Bernhardt, além do ator brasileiro João Caetano, o qual lhe deve seu atual nome. Na fotografia aparece o Teatro João Caetano, construÃdo em 1930, no lugar do São Pedro que foi demolido na administração de Prado Júnior. Observa-se ainda, parte do Real Gabinete Português de Leitura, bem como algumas construções remanescentes do tempo da tomada do cartão postal, quando o serviço de transporte individual era à tração animal e o coletivo utilizava os primitivos bondes elétricos. 8. Catedral - Praça Tiradentes As imagens mostram o trecho da Praça Tiradentes com o final da Rua da Carioca. Na época em que foi tomada a imagem do cartão, a Praça Tiradentes ainda era importante pólo cultural e comercial do centro da cidade. As boas casas de espetáculos, como o Teatro João Caetano, antigo São Pedro, o Teatro Carlos Gomes e o Cinema São José, antigo Teatro de Variedades Dramáticas, respondiam pelo bom nÃvel cultural existente na praça. A construção mais baixa do lado esquerdo do postal é a do extinto Cinema São José, que já tinha sido também o Moulin Rouge quando surgiu a moda dos cafés-concerto. Já se encontrava em declÃnio na década de 70, quando tornou a ter seus dias de glória durante o carnaval com a realização do Â"Baile dos EnxutosÂ", de fama internacional. A Rua da Carioca, cujo final figura no postal, era considerada a mais brasileira das ruas, pois iniciava-se com Café da Ordem e terminava na Camisaria Progresso, casas comercial há muito desaparecido. Entre as construções que aparecem ao fundo da fotografia, localizadas nas áreas resultantes do desmonte do Morro de Santo Antonio na década de 50, merece especial destaque a Catedral do Rio de janeiro. Projetado pelo engenheiro Edgard de Oliveira Fonseca,em forma de cone truncado, a Catedral foi inaugurada em 1977, com 63 metros de altura e 104 metros de diâmetro na nave. 9. Largo de São Francisco Nesta praça, formada pelo desmembramento do antigo Rossio ao fim da Rua do Ouvidor, houve em tempos remotos a intenção de se construir a catedral. Por essa razão, durante muitos anos, ficou conhecida pelo nome de Largo da Sé Nova, embora tal obra jamais tenha sido realizada. O Largo de São Francisco de Paula ali localizada em seu lado direito, cuja pedra fundamental, lançada em 1759, teve suas obras concluÃdas somente em 1801. Até 1850, ano em que foi aberto o Cemitério do Catumbi, a Ordem Terceira dos MÃnimos de s. Francisco mantinha catacumbas ao lado do templo, em cujo terreno se faziam enterramentos. A principal razão da transferência do local dos enterramentos foi a epidemia de febre amarela que assolou a cidade, elevando a mortalidade a nÃveis surpreendentes. Entre os mortos ilustres ali enterrados, destacam-se o Conde da Barca e, por imposição de D.Pedro I, a Condessa de Iguaçu, nascida de seu relacionamento com a Marquesa de Santos. O sino da Igreja também ficava famoso. Entre os cinco sinos de sua torre, destacam-se os sinos de Aragão, que dava à noite o toque de recolher, o Grande e o da Vitória. No lado direito da Igreja, onde no postal figura o Parc Royal, funcionou, a parti de 1829, o Hospital da Ordem Terceira dos MÃnimos. Hoje, esta área encontra-se aberta como um alargamento da Rua Ramalho Ortigão, cujo nome homenageia o comerciante José Vasco Ramalho Ortigão fundador da loja de modas muito famosa, a Parc Royal, destruÃda em um incêndio em 1943 10. Escola Politécnica - Largo de São Francisco As fundações do que seria a Catedral da cidade lançadas em 1742, de acordo com a concepção de Gomes Freire de Andrade, foram aproveitadas para construção da Academia Militar em 1812. No fim do século passado a Academia passou a funcionar na Praia Vermelha, e no prédio foi instalada as Escolas Politécnicas, dirigidas inicialmente pelo Visconde de Rio Branco. Entre as dezenas de experiências de vulto ali realizadas, destacam-se as primeiras transmissões radiofônicas a cargo de Roquete Pinto Mais tarde, a Escola Politécnica passou a ser Faculdade Nacional de Engenharia, e atualmente, nas mesmas instalações, funcionam diversos cursos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pode-se observar, pelas imagens do postal e da fotografia, que o prédio manteve suas linhas básicas ao longo dos anos, alterado apenas pela inclusão de um andar. Por iniciativa do Histórico e Geográfico Brasileiro, foi levantada Largo de São Francisco a estátua de José Bonifácio de Andrade e Silva. A sua inauguração ocorreu no dia 7 de setembro de 1872, em comemoração ao Cinqüentenário da Independência, revestindo-se de grande solenidade e com a presença do Imperador D. Pedro II. Atualmente, em vista da maioria das ruas que desemboca no Largo de São Francisco serem destinados aos pedestres, os movimentos intensos de veÃculos que por ali circulava até o inÃcio dos anos 90 ficou significativamente reduzida 11. Av. Rio Branco com Visconde de Inhaúma A caixa da Amortização situada no cruzamento da Avenida Rio Branco com Rua Visconde de Inhaúma é uma das poucas construções remanescentes da época em que foi inaugurada a Avenida Central. O prédio inaugurado em 1906 foi projetado pela comissão presidida por Paulo de Frontin, responsável pela abertura da Avenida Central, atual Avenida Rio Branco. São poucas as construções ainda existentes daquela época, sendo os mais expressivos a Biblioteca Nacional, a Escola de Belas-Artes, o Clube Naval, o Teatro Municipal e o bonito prédio situado na esquina da Avenida Rio branco com a Rua Teófilo Otoni, que pertenceu à Companhia Docas de Santos, hoje pertencente ao Instituto do Patrimônio Histórico e ArtÃstico Nacional IPHAN, famoso por suas grandes portas de madeira esculpida, sendo dele a primeira pedra inaugural de construção na avenida. A Rua Visconde de Inhaúma, antiga dos Pescadores, até o inÃcio deste século era apenas um caminho enlameado. A sua aparência de hoje coube ao prefeito Pereira Passos, que deu novo alinhamento e possibilitou sua ligação com a Rua Marechal Floriano que, antes era duas de nome São Joaquim: a Estreita e a Larga. Foi ainda Pereira Passos que decidiu transformá-las em uma só ligando-as ao mar pela Visconde de Inhaúma. E por ser a partir de então toda larga, o povo esqueceu a estreita e ela passou a ser a Rua Larga, como também até hoje é conhecido. 12. Av. Rio Branco com Rua da Assembléia O prédio que figura nas imagens em primeiro plano está localizado na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua da Assembléia, sendo um dos poucos remanescentes da época da construção da então Avenida Central. O prédio situado no lado Ãmpar da Avenida, sempre considerado menos valorizado que o lado par, foi projetado pelo arquiteto M. E. Hehl para Santa Casa da Misericórdia. As caracterÃsticas básicas da construção foram preservadas no módulo da esquina, encontrando-se, assim, a fachada muito próxima da original. Ressalta-se que, as posturas iniciais estabeleciam que nenhum prédio poderia ter menos de 3 pavimentos de 10 metros de fachada. Como os governantes da época, Rodrigues Alves, Lauro Muller e Pereira Passos, não admitiram que seus nomes fossem homenageados na obra que empreenderam, o nome de Avenida Central prevaleceu desde a data da inauguração em 15 de novembro de 1905 até 12 de fevereiro de 1912, quando passou a chamar-se Rio Branco, para glorificar o grande chanceler falecido dois dias antes. A Rua da Assembléia já se chamou de Rua Direita que vai para Santo Antônio, Caminho que vai para Santo Antônio, Caminho que vai para Cruzeiro de São Francisco, Caminho de São Francisco, Travessa de Manuel Ribeiro, o Pasteleiro, Rua do licenciado Rui Vaz, Rua Pedro LuÃs Ferreira, Rua do Padre Bento Cardoso, Rua da Cadeia e Rua da Republica do Peru. Nenhuma outra rua do Rio, pela sucessão de nomes, conta sua historia como esta, que o povo quis afinal que fosse Â"AssembléiaÂ" mesmo depois que a Câmara Federal se mudou para BrasÃlia. 13 Av. Rio Branco com Rua do Ouvidor Somente um grande reformador seria capaz de abrir uma avenida com 1.800 metros de comprimento e 33 metros de largura, exigindo a demolição de 590 velhos prédios em pleno centro da cidade. A iniciativa coube um Haussmann brasileiro, segundo comparação feita pelo Barão de Rio Branco, do prefeito carioca Pereira Passos com o famoso reformador da cidade de Paris. Iniciadas as obras em 8 de março de 1904, com a derrubada do prédio nº 8 da Rua da Prainha, hoje Rua do Acre, foi a Avenida Central inaugurada em 15 de novembro de 1905. A grande artéria foi batizada com um nome singelo, Avenida Central, seguindo ainda as tradições colônias de denominação dos logradouros. Se a Rua da Cidade, hoje da Assembléia, era onde se encontrava a cadeia, a Rua da Vala, atual Uruguaiana,onde passava enorme vala, nada era mais central que esta nova avenida, justificando assim plenamente seu nome de Avenida Central. Inúmeros prédios de grande beleza arquitetônica foram surgindo ao longo da avenida, todos respeitando as deliberações da comissão construtora chefiada por Paulo de Frontin. Hoje, são poucos os prédios que restam da época da sua construção. O local retratado mostra a Avenida Rio Branco exatamente na esquina da Rua do Ouvidor com a Rua Miguel Couto, onde pode ser verificar que o prédio no canto esquerdo da fotografia foi um dos poucos preservados. O imóvel que traz o letreiro Â"últimas semanasÂ" no postal ficou conhecido como ferro de engomar, em vista de sua curiosa arquitetura. Os canteiros que dividiam a Avenida Central tinham plantado árvores de pau-brasil, e onde hoje é difÃcil transitar, já foi tão fácil, que era até mão dupla. 14. Av. Rio Branco com Praça Marechal Floriano Ninguém poderia imaginar que o local sagrado de um convento pudesse virar um local profano, mas aconteceu em pleno centro da cidade. O Convento da Ajuda que atravessou séculos viu nascer a Avenida Central, porém em 1911 desapareceu não por obra do Senhor, mas do homem. O cartão postal mostra do Convento, tendo na esquina da antiga Rua dos Barbonos, hoje Rua Evaristo da Veiga, a Escola São José, construÃda em 1871. Posteriormente este prédio serviu para o Conselho Municipal. Com a demolição do convento foi ali projetado um hotel, embora não executado, passando anos mais tarde a área a ser conhecida como Cinelândia devido à construção de diversos cinemas. O chafariz das Saracuras que ornamentava os jardins do Convento foi transferido para a Praça General Osório, onde ainda se encontra. No local da escola São José foi construÃda a atual Câmara Municipal. O Teatro Municipal, inaugurado em 1909, foi executado sob os traços de Francisco de Oliveira Passos, filho do prefeito Pereira Passos, que participou de concurso público, vencendo com o seu projeto. A estátua de Floriano Peixoto, localizada na praça, obra de Eduardo Sá, foi inaugurada em 1910. Ao fundo, no alto, pode-se avistar o Convento de Santo Antônio no Largo da Carioca. 15. Praça Mauá Com as obras realizadas no porto, o antigo largo da Prainha transformou-se em praça monumental, chamada Mauá, homenageando o grande pioneiro da industrialização no Brasil, Irineu Evangelista de Sousa, Visconde de Mauá. Ainda em sua homenagem foi erigido em 1910, por iniciativa do Clube de Engenharia, no centro da praça, um monumento com 8,5 metros de altura sobre o qual encontra-se sua estátua, de autoria de Rodolfo Bernadelli. No inÃcio do século, com o crescimento das atividades comerciais, tornou-se necessário dotar a cidade de um cais para atender ao volume cada vez maior de grandes embarcações que chegavam ao Rio de Janeiro, que, sem condições de atracar, ficavam fundeadas no meio da baÃa. Tal fato levou um grupo de engenheiros a iniciar em 1904 a construção do porto da Praça Mauá, obra concluÃda em 1910. Nos anos seguintes, a Praça Mauá ficaria conhecida por abrigar o primeiro arranha-céu do Brasil, o edifÃcio do vespertino A Noite, de 22 andares e que, em 1973, passou a sediar também a Rádio Nacional. Na década de 90 foi construÃdos um edifÃcio com arquitetura pós-moderna conhecido como RB 1, separado pela Avenida Rio Branco do antigo A Noite, com o qual faz um interessante contraste de épocas. Hoje, a Praça Mauá, durante o dia, por se uma importante área de escoamento do tráfego da cidade, apresenta-se sempre com um grande movimento de veÃculos, à noite a paisagem se modifica com intensa vida noturna ocasionada pela proximidade do Cais do Porto e a presença de marinheiros em busca de divertimentos. 16. Estação das Barcas - Praça XV Durante séculos o contato do Brasil com o mundo foi feito quase que exclusivamente através de um pequeno cais existente na Praça XV. ConstruÃdo pelo vice-rei LuÃs de Vasconcelos e Sousa (1779-1790), como réplica do cais do porto de Lisboa, permitia o desembarque de mercadorias e passageiros no então Largo do Paço, na época o coração do Rio. Mais tarde, em 1902, acrescentou-se outro cais ao primitivo que recebeu o nome de Cais Pharoux. O nome do cais está ligado a Louis Pharoux (Paris, 1791 - Paris, 1868), soldado de Napoleão que se tornou hoteleiro na Rua da Quitanda e depois na Rua Fresca, hoje desaparecida, que por sua conta e com autorização do governo executou diversas melhoras no cais de desembarque do Rio de Janeiro. Até 1910, quando foi inaugurado o porto da Praça Mauá, as embarcações de porte ficavam fundeadas no meio da BaÃa de Guanabara e os passageiros e as cargas eram desembarcados através de pequenos botes, pois o Cais Pharoux não dava condições para que as mesmas atracassem.A paisagem da fotografia reflete as profundas alterações realizadas na área da Praça XV, como a modernização dos embarcadouros para Niterói e Paquetá, a construção do elevado da Avenida Perimetral, a ligação por terra da Ilha Fiscal e mais, recentemente, a passagem subterrânea, oculta na foto, que o carioca passou a chamar de Â"mergulhãoÂ". 17, Praça Imperial - Praça XV A atual Praça XV de Novembro, antigo Terreiro da Polé, depois Largo do Carmo e Largo do Paço, é o sÃtio histórico mais importante da cidade do Rio de Janeiro, devido aos acontecimentos ali ocorridos que afetaram significativamente os destinos. O prédio do Paço Imperial, que conheceu os principais vultos de nossa história, foi inaugurado em 1743, por iniciativa de Gomes Freire de Andrade, depois Conde de Bobadela, com o nome de Paço dos Vice-Reis, contrariando uma ordem régia portuguesa que reservava tal designação apenas à s residências reais. Na época de sua construção, o prédio que tinha dois andares, ficava quase junto ao mar e em sua frente localizava-se o principal cais de desembarque da cidade. A configuração atual, ostentando três andares, ocorre com sua adaptação para servir como Paço Real, com a chegada da famÃlia Real Portuguesa, em 1808. Ao fundo da praça figuram as importantes construções do Convento e da Igreja do Carmo e da Igreja da Ordem Terceira, antes Capela Real e depois Imperial. Do lado direito da Praça XV encontra-se o curioso Arco dos Telles, que dá acesso à Travessa do Comércio, antes denominado de Beco do Peixe. O nome é divido a famÃlia Telles de Menezes, antiga proprietária dos casarões ali situados. Nas fotos mais antigas do local, junto aos Arcos do Telles, pode-se observar o famoso Hotel de Francês, que foi demolido já na terceira década deste século. O admirável chafariz em formato de pirâmide que figura nas fotografias da Praça XV foi projetado e construÃdo pelo Mestre Valentim, em 1779, em substituição a um primeiro, levantado no centro da Praça da Carmo para atender ao movimento de abastecimento da água das embarcações no porto. 18.  Igreja de Santa Luzia A Igreja de Santa Luzia, tal como aparece nos postais, com duas torres, data de 1872, quando foi restaurada a primitiva, construÃda em 1752, e que possuÃa uma única. Nos postais antigos, pode-se observar que a igreja se encontrava muito próximo do mar,na praia denominada de Santa Luiza. Em seus fundos, o terreno subia Ãngreme, para formar a encosta do Morro do Castelo, este demolido em 1922. Até há pouco tempo, na Rua Santa Luzia,nas proximidades da Avenida Rio Branco, podiam se ver os barcos nas sedes dos clubes de regatas, que antes tinham suas instalações praticamente na beira da praia. Atualmente, onde se encontram os prédios pertencentes aos Ministérios do Trabalho, da Fazenda, da Educação e a sede do Jockey Club nas imediações da Igreja de Santa Luzia, anteriormente era área ocupada pelo Morro do Catelo. Hoje, para quem passa pela Avenida Presidente Antônio Carlos, ao lado da igreja, é difÃcil imaginar, que há menos de 90 anos, o mesmo percurso teria de ser feito a nado, em pleno mar, para em seguida escalar a vertente de um morro. 19. Jardim Botânico O pórtico que se vê nas imagens pertenceu à Academia Imperial das Belas Artes, inaugurada em 1826, na Travessa Leopoldina, depois denominada de Belas Artes. O projeto da Academia foi de autoria do arquiteto francês Grandjean de Montigny, que chegou ao Brasil em 1816 com a célebre Missão ArtÃstica Francesa, que tanta influência exerceu nas artes plásticas brasileiras. Na qualidade de primeiro professor oficial de arquitetura no Brasil, Grandjean de Montigny foi o responsável direto pela formação de inúmeros profissionais, fator decisivo para melhorar a precária situação da arquitetura existente, bem como pela introdução da fase neoclássica da arquitetura brasileira. A edificação da Academia foi a primeira a obedecer o estilo neoclássico no Rio de Janeiro. Em 1908, foi dali transferida a já então, Escola Nacional de Belas Artes para o palácio construÃdo na Avenida rio Branco. Assim como a Academia, diversas obras de Grandjean de Montigny foram destruÃdas, sobrando algumas notáveis construções como a atual Casa França-Brasil, antiga Inspetoria da Alfândega e o Solar Grandjean de Montigny, sua residência na Gávea, hoje um ativÃssimo centro cultural nas dependências da Pontifica Universidade Católica. Graça à decisão do Patrimônio Histórico e ArtÃstico Nacional, o pórtico da Academia foi preservado e montado no Jardim Botânico, durante o ano de 1940, na forma que se encontra atualmente. O monumento em homenagem ao ator João Caetano, que figura no postal em frente da Academia, de autoria de Chaves Pinheiro, foi ali erguido em 1891. O monumento, como tantos outros, andou por diversos pontos da cidade, pois esteve na Praça da república e na Praça Tiradentes, até ser instalado em frente ao Teatro João Caetano em 1916. 20. Rua Paissandu As imagens foram obtidas a partir do interior do Palácio Guanabara, em frente da Rua Paissandu. O Palácio Guanabara, antigo Palácio Isabel, atual sede do governo do Estado do Rio de Janeiro, foi adquirido pelo Império de um proprietário particular em 1865, para servi de moradia ao jovem casal dos Condes d Eu: PrÃncipes Gastão de Orléans e Princesa Isabel. Para isso, tanto a casa como o parque tiveram que sofrer grandes obras de adaptação e embelezamento. Já a charmosa Rua Paissandu, conhecida pelas suas palmeiras, antes se chamou de Rua Santa Theresa da Glória, nos dias em que começava na Rua Marquês de Abrantes, quando então atingia a Praia do Flamengo, como acontece hoje. A denominação foi dada em louvor à conquista pelo Brasil, no Prata, do porto fluvial de Paissandu, sob o comando do Almirante Tamandaré, em 1864. A Rua Paissandu está intimamente ligada à paixão nacional: o futebol. Foi no campo do Paissandu Cricket Club, que o filho de um Inglês, Oscar Cox, em 1902, deu vida ao primeiro dos times de futebol do Rio e do Brasil, o Fluminense. Mais tarde, o mesmo grande paissanduano das partidas de cricket seriam transferidos para o Flamengo, antes de sua mudança definitiva para o Estádio da Gávea. 21. Túnel Novo O atual Túnel velho, inaugurado em 1892, realizado pela Companhia Ferro Carril Jardim Botânico, possibilitou a extensão da primeira linha de bondes para Copacabana, com ponto terminal na Rua Barroso, atual Siqueira Campos. A real integração de Copacabana ao restante da cidade foi promovida na administração de Pereira Passos, que intimou à Companhia a acelerar a obra de perfuração do túnel do Leme, prevista contratualmente com a Prefeitura, em 1900, para ser executada em quatro anos. Em 4 de março de 1906 inaugurava-se o Túnel do Leme, conhecido como Túnel Novo, cuja denominação é Túnel Coelho Cintra, uma homenagem ao diretor da Companhia Jardim Botânico que detinha a concessão dos bondes para a Zona Sul. O cartão postal mostra que inicialmente existia somente uma entrada. Em 1949 rasgava-se o segundo túnel, a fim de comportar o trânsito que já crescia em direção ao famoso bairro. 22.  Túnel Rebouças - Lagoa A Lagoa Rodrigo de Freitas era chamada pelos Ãndios de Sacopenapã, Â" caminho de socósÂ", em virtude das aves semelhantes à s garças que se alimentavam de peixes nela muito abundantes, denominação que posteriormente foi deturpada para Sacopã. Os primeiros registros sobre a Lagoa são de 1575, quando o Governador Antônio Salema instalou o Engenho d El Rey, de cana de açúcar, em suas margens. Em fins do século XVI, a lagoa chamava-se Amorim Soares, já nos começos do século XVII passava para Fagundes Varela, e, em 1660, para Rodrigo de Freitas, nomes dos proprietários do engenho que se sucederam. Em 1809, logo depois da chegada da Corte Portuguesa, o PrÃncipe Regente, para construir a fábrica de pólvora e a fundição de peças de artilharia fora dos limites da cidade, desapropriou as terras que pertenceram a Rodrigo de Freitas. Em 1920, o engenheiro carioca Carlos César de Oliveira Sampaio assumiu a Prefeitura do então Distrito Federal, executando o saneamento e o embelezamento da Lagoa Rodrigo de Freitas, a abertura da Avenida Epitácio Pessoa e a construção do canal da barra, ou seja, o de comunicação da lagoa com o mar, que aparece ao fundo na parte central das imagens, atual canal do jardim de Alah, e que separa fisicamente os bairros de Ipanema e do Leblon. No primeiro plano da fotografia aparecem os viadutos que, passando por cima da Rua Jardim Botânico e Humaitá, permitem atingir o túnel Rebouças, inaugurado em 1968, na realidade são dois: cada uma das galerias leva o nome de um dos irmãos André e Antônio Rebouças, engenheiros e abolicionistas no tempo do Império. 23. Av. Pasteur No cartão postal, a artéria em diagonal é a Praia da Saudade, antigo nome da atual Avenida Pasteur. Ainda com base no postal, a primeira construção à esquerda é a faculdade Nacional de Medicina, inaugurada em 1918 e já demolida; a segunda, é o imponente prédio construÃdo para abrigar o Pavilhão dos Estados durante a Exposição Internacional de 1908, atualmente ocupado por empresas ligada ao Ministério das Minas e Energia; em seguida, o prédio do atual Instituto Benjamin Constant, antes Imperial Instituto dos Meninos Cegos, obra iniciada em 1872 e somente concluÃda em 1900 e, por último, o prédio edificado para internação de doentes mentais, inaugurado em 1852 com o nome de HospÃcio D. Pedro II, depois HospÃcio Nocional de Alienados, e posteriormente ocupado pela reitoria da Universidade federal do Rio de Janeiro. No inÃcio deste século, antes de ser terem tornado mais acessÃveis os banhos de mar em Copacabana, a Praia da Saudade era muito freqüentada principalmente pelas facilidades oferecidas pelos balneários então existentes. Em 1920 foi fundado, no local onde ficavam as casas para o banho de mar, o Fluminense Yachting club. Que veio dar origem ao atual Iate clube do Rio de Janeiro. 24. Av. Delfim Moreira Leblon As imagens foram obtidas da ponte que liga as praias de Ipanema e Leblon, por cima das águas do canal do jardim de Alah. Na linguagem dos Ãndios, Ipanema significa Â"água ruimÂ", ou seja, não indicada para banhos ou pescaria. O Campo do Leblon, que deu o nome ao bairro, era uma chácara pertencente ao francês chamado Charles Lê Blon, em meados do século passado. Em fins de 1918, iniciou-se a construção da primeira ponte sobre a barra da Lagoa, ligando as Avenidas Vieira Souto, em Ipanema, e Delfim Moreira, no Leblon, travessia que até então era feita através de um pedaço de areal próximo ao mar. Em 1920, o engenheiro carioca Carlos Sampaio, como prefeito do Distrito Federal, realiza o saneamento e o embelezamento ad Lagoa Rodrigo de Freitas, a construção da Avenida Epitácio Pessoa e a construção de dois canais destintos: o da barra, isto é, o de comunicação da lagoa com o mar, com 140 metros de extensão, hoje canal do Jardim de Alah, e do canal da Avenida Visconde de Albuquerque, no Leblon. Somente em 1938 veio a ser construÃda uma outra ponte sobre o canal, desta vez ligando a Visconde de Pirajá à Avenida Ataulfo de Paiva, terminando com a circulação dos bondes pela praia, e transformando aquelas avenidas numa só via pública. 25. Av. Niemeyer Em 1891, no Governo de Deodoro, a Companhia Viação Férrea Sapucahy, obteve concessão para construir uma estrada de ferro, ligando pelo litoral, Botafogo a Angra dos Reis, com 193 km de extensão. Trechos da estrada já estavam prontos quando as obras foram impugnadas, fazendo com que a Sapucahy abandonasse definitivamente o projeto. Por volta de 1912, o diretor do Colégio Anglo-Brasileiro, Charles Armstrong, que ficava no Vidigal, para torna o caminho mais acessÃvel ao seu estabelecimento, construiu 1 km de estrada, aproveitando o leito abandonado da ferrovia. A aprazÃvel Avenida Niemeyer, deve-se ao Comendador Conrado Jacob Niemeyer, proprietário de terras nas redondezas, que doou a avenida à cidade, em 1916, concluÃdo as obras projetadas por Paulo de Frontin, ligando definitivamente o final do Leblon à Praia de São Conrado, antigo nome da Praia da Gávea. A melhor alternativa para se chegar à Barra da Tijuca, partindo dos bairros da Zona Sul da cidade, até há pouco tempo, era pela Avenida Niemeyer, atravessando São Conrado e tomando a Estrada do Joá, que contorna a Pedra da Gávea. A garganta do Joá, Juá ou Chuá, melhoramento devido ao prefeito Pereira Passos, que deu origem ao nome da estrada, é proveniente da corruptela e abreviação do sobrenome de um francês, Lourenço Anchois, antigo morador naquela área. Hoje, a Barra da Tijuca, via São Conrado, é alcançada por um formidável complexo formado por túneis, viadutos e auto estradas. Ressalta-se que, em 1998, o túnel Dois Irmãos passou a se chamar Zuzu Angel, em homenagem à famosa estilista 26. Obelisco e o Palácio Monroe EM 1904 o Brasil participou de Exposição Universal de Saint Louis, no Estados Unidos da América do Norte, que comemora 100 anos da compra do território de Louisiana. O pavilhão sede da representação brasileira teve sua estrutura preservada ao final da cidade exposição, de modo que fosse reproduzido no Rio de Janeiro, mantendo toda a beleza do prédio projetado pelo arquiteto e militar General Marcelino Francisco de Souza Aguiar, que inclusive mereceu o grande prêmio de arquitetura da exposição. Nas instruções gerais que regulavam a participação do Brasil naquele evento determinava: Â"Na construção do pavilhão se terá em vista aproveitar toda a estrutura, de modo a pode-se reconstruÃ-lo nesta capitalÂ". Para viabilizar tal determinação, foram utilizadas estruturas metálicas na construção do prédio. O majestoso Palácio Monroe, que figura em numerosos postais do final da Avenida Rio Branco, foi erguido em 1906 para a Terceira Conferência Pan Americana, servindo, posteriormente, para diversos órgãos públicos, sendo que o perÃodo mais significativo de sua existência foi quando abrigou o Senado Federal. Na década de 70 foi efetivada a demolição do Monroe, por motivos ainda não bem esclarecidos, uma vez as obras de construção do Metrô, as quais são atribuÃdos os motivos de seu arrasamento procederam a uma curva no local de modo a evitar suas fundações. O Obelisco, inaugurado em 14 de novembro de 1906, foi o marco da Avenida Central, primeiro nome da atual Rio Branco. ConstituÃdo por quatro pétreos pesando 27 toneladas e medindo 18 metros de altura, realizado com granito extraÃdo do Morro da Viúva, foi um presente à cidade da firma Antônio Januzzi & Cia., empresa que participou ativamente na construção de imóveis na avenida. O chafariz que aparece à direita da fotografia, no local que o Palácio Monroe ocupava, foi adquirido na Ãustria, em 1878, de origem francesa, e instalado na Praça XV de Novembro. Anos depois, já na década de 60, transferido para a Praça da Bandeira, e com a demolição do Monroe, veio embelezar o grande vazio ali deixado. 27. Passeio Público Em 1783 nascia a primeira praça do Rio de Janeiro destinada ao lazer, o Passeio Público. Realizado quando era Vice Rei, Luiz de Vasconcelos, sob o traço do famoso Valentim de Fonseca e Silva, o Mestre Valentim, no local onde anteriormente situava-se a Lagoa do Boqueirão, que normalmente tinha suas águas estagnadas com cheiro desagradável e infestada de insetos. Conta a lenda que o citado Vice Rei atendeu aos pedidos de uma linda jovem, chamada Suzana, que residia próximo da Lagoa do Boqueirão e por quem teve uma grande paixão providenciado para que transformassem as águas fétidas da lagoa em um belo jardim. A Lagoa foi aterrada com o desmonte do morro das Mangueiras, que era um promontório do Morro de Santa Teresa e localizava-se na hoje Rua Joaquim Silva e parte do atual Largo da lapa. Originalmente, o Passeio Público era todo murado com exceção do lado do mar, que atingia o seu terreno. A rua da fotografia é a do Passeio, onde nasceu o primeiro jornal brasileiro,a Gazeta do Rio, em 1808, uma espécie de Diário Oficial da época. Ali também foram instalados a Academia Brasileira de letras, sob a presidência de Machado de Assis e o Clube dos Diários, onde eram realizados os banquetes de apresentação dos candidatos à presidência da República até 1930, mais tarde ocupado pelo Automóvel Clube do Brasil. A Biblioteca Nacional também teve a sua passagem pela Rua do Passeio, antes de se transferir em 1910 para o prédio que hoje ocupa na Avenida Rio Branco. A Rua Senador Dantas, abertas em 1886, foi uma necessidade do crescente movimento do meio de transporte mais popular da época, ou seja, o bonde. A ligação do centro com a zona sul da cidade pelos bondes puxados a burro precisava de maior facilidade, e a solução encontrada foi a abertura de uma nova rua entre o Largo da Carioca e a Rua do Passeio. A Rua Senador Dantas é uma homenagem ao Senador, Ministro de Estado e Conselheiro Manoel Pinto de Sousa Dantas. 28.  Av. Epitácio Pessoa - Lagoa Ao estudarmos o Rio de Janeiro no inÃcio do século, o urbanista francês Alfred Agache, autor do famoso Plano Agache, impressionado com a beleza da Lagoa Rodrigo de Freitas, comentou: Â'Esta lagoa está favorecida de maneira excepcional pela natureza; colocada entre as montanhas e o oceano, ela é desenhada de tal forma que um passante que lhe percorra a beira percebe ora um conjunto grandioso, o Corcovado, o Dois Irmãos, a Gávea, o Pão de Açúcar e outras perspectivas entre as mais belas do RioÂ". Nas imagens selecionadas figuram o Dois Irmãos e a imponente Pedra da Gávea. A construção da Avenida Epitácio Pessoa, que circunda a Lagoa pelo de Ipanema, deve-se ao Prefeito Carlos Sampaio, que em 1920 tomou a iniciativa pela sua abertura com as expressivas dimensões para a época; 30 metros de largura, composta de duas pistas de 7 metros cada, separadas por um canteiro central de 8 metros de largura. Com a expansão da cidade em direção à Zona Sul, na primeira metade deste século, a Lagoa transformou-se em endereço elegante com a construção de espaçosos casarões. A partir de então passou a sofrer severamente as conseqüências do progresso predatório resultante da especulação imobiliária, de sucessivos aterros e da poluição provocada por esgoto clandestinos, que acabaram trazendo um problema crônico: a mortandade de peixes. A sucessão de aterros, inclusive pelos clubes que procuravam se expandir invadindo suas margens, reduziu sua superfÃcie quase pela metade. Hoje, os limites da Lagoa estão finalmente preservados com o tombamento do seu espelho d água. E mais, depois da realização dos trabalhos de controle das marés e da poluição, os peixes começaram a aparecer de forma abundante e com eles as garças que encontraram ali as condições ideais para seu habitat. 29. Canal do Mangue Nos tempos de D. João VI existia um enorme pântano à Cidade Nova que era um foco permanente de doenças, mosquitos e exalações desagradáveis. Para secar o vasto pântano pensou-se em construir um canal navegável, comunicando o mar até a Praça Onze de Junho, onde seria instalado um cais destinado ao comércio de gêneros alimentÃcios. Porém nada se fez, apenas aterrou-se a estrada e construiu-se uma ponte sobre o mangue para facilitar a passagem do Rei e de sua comitiva no trajeto da Quinta de São Cristóvão para o Paço da cidade. A ponte, que passou a ser chamada dos Marinheiros, pois próximo dela existia uma famosa bica d água onde se abasteciam os marinheiros das pequenas embarcações que navegavam pelo charco, ficava quase no ponto onde desaguava o rio que foi do Catumbi, ou dos Coqueiros, ou Iguaçu, e por último Comprido. Em 1857, lançou-se a primeira pedra da construção do Canal do Mangue, que viria a ser a maior obra de saneamento do rio de Janeiro executada no Império, e que possibilitaria a extinção da Lagoa da Sentinela e dos pantanais de São Diogo que se espalhavam até quase ao Campo de Santana. Para construção do canal do Mangue foi contratado o Barão de Mauá, que o inaugurou junto com a sua fábrica de gás para iluminação pública e doméstica nas proximidades da Praça Onze. A Ponte dos Marinheiros, que era de madeira, foi reconstruÃda em pedra e depois asfaltada, resistindo até o Governo de Carlos Lacerda, quando surgiu o conhecido Trevo dos Marinheiros, um notável emaranhado de elevados e viadutos que eliminou os cruzamentos de um dos locais de maior movimento de trânsito da cidade. 30. Glória A construção mais elevada nas imagens selecionadas é a da Igreja da N.S. da Glória do Outeiro. O inÃcio de sua construção data de 1714, e o seu término em 1739, quando foi fundada também a Irmandade N.S. da Glória do Outeiro. A história da Igreja está intimamente ligada à vinda da monarquia ao Brasil, uma vez que foi o templo escolhido pela famÃlia real e pela nobreza do paÃs para celebrar a maioria de seus atos religiosos. D.Pedro II tinha tanta simpatia pela Igreja que conferiu à Irmandade o tÃtulo de Â"ImperialÂ", que até hoje é conservado. Em 1857, a Glória, nome como ficou conhecida aquela área, passou por grandes transformações, como a construção de um mercado e de um cais no Largo da Glória. Na imagem do postal não figura mais o mercado, mas já aparece a Avenida Beira-Mar, proveniente de aterro, e a alta chaminé da City, que ficava colada ao mercado, que era a empresa responsável pelo tratamento do esgoto da cidade. Os serviços da City começaram em 1864 por iniciativa de João Frederico Russell. A casa de Russell, que deu nome a um trecho entre a Glória e o Flamengo, era precisamente onde, em 1920, se ficaram os alicerces do Hotel Glória para as festas do Centenário da Independência. No centro das imagens pode-se também ver o Monumento a Pedro Ãlvares Cabral, obra artÃsticas de Rodolfo Bernadelli, inaugurado em 1900 por ocasião das festas do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil.O monumento que se ergue no Largo da Glória possui 10 metros de altura e uma formidável base de granito hexagonal que, entretanto, não impediu que fosse deslocado diversas vezes de sua posição original, que era perto do tradicional relógio ******************************************* 23 fotos ainda virão.....espero que tenham gostado de ver o Rio como era antes!> |
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