Thursday, May 3, 2007

Urbanistas pedem o fim do Minhocão: E vcs, são a favor?

Desde o começo do ano vem passando reportagens em alguns programas de televisão que é grande a possibilidade de implodirem o minhocão. Na minha opinião, é viavel pois desvaloriza os imoveis, atormenta as pessoas e não resolve o problema do caotico transito de SP.
Aqui uma materia sobre isso, e tb fala do viaduto Diario Popular e do horrendo edificio São Vito.

Urbanistas pedem o fim do Minhocão
Para eles, o Elevado Costa e Silva deprecia o visual e tem pouca utilidade para o fluxo viário. O prefeito José Serra está aceitando projetos de revitalização da área. E outras obras, como o Viaduto Diário Popular, a Praça Roosevelt, o elevado sobre a Praça 14 Bis e o Edifício São Vito também poderiam desaparecer

VALDIR SANCHES

O urbanista Michel Gorski não viveu no tempo em que o engenheiro Kuhlmann começou a erguer o precursor do Minhocão. Isso foi em 1888. Nas ruas estreitas da São Paulo provinciana, começou a surgir uma gigantesca estrutura metálica. O elevado sairia da hoje Rua São Bento e subiria a Avenida São João até o Largo do Paiçandu. Serviria a um trenzinho a vapor.

Michel notabilizou-se, há seis meses, por ter mandado ao prefeito José Serra (PSDB) um projeto que propõe a derrubada do Minhocão - o atual, de Paulo Maluf. Se tivesse vivido no século retrasado, certamente estaria entre os moradores que, revoltados, levaram a Câmara a mandar Kuhlmann desmontar sua obra.

Com 32 anos de estrada, Michel está no time dos que gostariam de ver desaparecer obras da cidade como o Viaduto Diário Popular, no Parque D. Pedro II (Serra também veste essa camisa), o elevado sobre a Praça 14 Bis e o complexo de alças da Avenida Paulista com Rua da Consolação. Em outro caso, o do Fura-Fila, quem pensou em demolição foi o próprio Serra. Michel diz, contudo, que se deve ser cuidadoso. "Tudo tem que ser discutido e avaliado."

Seu colega Carlos Lemos, 80 anos, há 52 ensinando História da Arquitetura (hoje na pós-graduação), é mais direto: "Eu derrubaria com dinamite a Praça Roosevelt". O que há com a praça? Há o problema estético: "Você já viu uma praça com três andares? Tem estacionamento, supermercado, ficou muito feio." E o dado existencial: "Aquilo não tem futuro, não vai ninguém. É um lugar de baixo-astral, nasceu com essa sina."

Outra sina foram os projetos de recuperação não realizados. O de agora, da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), tem um ímpeto que pode agradar a Carlos. Sua principal intervenção é a demolição da grande laje que abriga o supermercado. Surgiria um espaço aberto, como em qualquer praça. O outro gesto importante é a derrubada das lajes junto à Igreja da Consolação, para dar lugar a uma esplanada.

O Elevado Costa e Silva, o Minhocão, 3,5 quilômetros sobre as Avenidas Amaral Gurgel, São João e General Olímpio da Silveira, está no topo da lista dos indesejados. "Entre os arquitetos é unanimidade absoluta", diz o urbanista e professor de História da Arquitetura Benedito Lima de Toledo. "Não conheço ninguém a favor."

Muito menos veria atitude diferente em Carlos Lemos. "O Minhocão? Pode demolir à vontade." Por que tanta animosidade com a obra? Michel Gorski enumera alguns fatores. "Só serve para carros particulares, em cima, e moradores de rua, embaixo."

Provoca poluição sonora, visual e ambiental, e é invasivo. Os carros passam muito perto das janelas dos prédios e invadem a privacidade dos moradores. Desvalorizou essas moradias e as do entorno. E liquidou com "uma das avenidas mais chiques de São Paulo, a São João".

E além de tudo, acrescenta Carlos Lemos, é inútil: "Uns dois sinais semafóricos resolveriam todo o problema (do trânsito)." O prefeito Serra mostra-se convencido de que o Minhocão deve desaparecer. Está abrindo um concurso público para receber projetos.

Em agosto, um engenheiro especializado em obras de grande volume, Carlos Miller, calculou quanto custaria desmontar o elevado (com reaproveitamento de suas grandes vigas): R$ 80 milhões. Demoraria seis meses. E depois, como ficaria a área? Os projetos oferecidos ao concurso vão dizer (mas Serra já avisou que não dá para concluir nada em sua gestão).

O Viaduto Diário Popular, no Parque D. Pedro II, liga a Rua do Gasômetro à Avenida do Estado. Só não se sabe para quê. Poucos motoristas o usam. Além disso, atrapalha a harmonia da região do Parque D. Pedro II. Está no caminho entre o Mercado Central e o Palácio das Indústrias, ex-sede da Prefeitura, que deve receber o Museu da Criança.

O viaduto é obra de Maluf, que o fez quando prefeito, em 1969. Vinte anos depois, a prefeita Luíza Erundina tentou demoli-lo. Não conseguiu, e seu sucessor o preservou. O sucessor era, novamente, Paulo Maluf. Agora, José Serra o qualificou de aberração e quer pô-lo abaixo. Seus técnicos devem entregar-lhe um projeto por estes dias.

A preocupação de Benedito Lima de Toledo não é exatamente com o viaduto. Mas com seu vizinho próximo, o Fura-Fila, hoje um esqueleto de concreto de 8 quilômetros e R$ 600 milhões. "É muito caro para demolir, e muito feio e inútil para suportar", diz Benedito. Compreende que Serra está fazendo um esforço (retomou as obras), "mas como obra viária é uma tragédia que compromete a estrutura da Cidade".

"A cidade é um organismo vivo e essas intervenções localizadas não estão articuladas com o seu plano geral." Serra pretende entregar a obra em três anos, ao custo de R$ 400 milhões. "Está gastando vela com mau defunto", diz Benedito.

Michel Gorski também reclama. "Quem manda na cidade não faz a valorização dos espaços públicos. Passa uma avenida no meio de uma praça." E radicaliza: "Para mim, deviam parar tudo o que está sendo feito e se dedicar a construir Metrô." Acha que os prefeitos sempre se apoiaram muito em obras viárias. E aqui entram José Carlos de Figueiredo Ferraz (prefeito de 1971 a 1973) e o projeto que dava à Avenida Paulista mais uma pista, subterrânea.

A pista não saiu, mas uma parte do projeto foi construída, o conjunto de alças que se entrelaçam no encontro da avenida com Consolação e Rebouças. "Isso matou a Paulista, que ficou truncada. Hoje, o que ressai é a Consolação", diz Michel. Antes, a Paulista terminava na Praça do Expedicionário (à direita de quem vai para a Dr. Arnaldo). "A praça sumiu, ficou apenas uma alça para o trânsito."

Michel não está certo sobre demolir ou não o conjunto. "Mas esse 'melê' merece um estudo, ser repensado. Poderia ter, em cima, um parque coberto." Embaixo, a Prefeitura tenta impedir uma invasão de sem-teto. O elevado sobre a Praça 14 Bis, na Avenida 9 de Julho, também não goza de simpatias. "O projeto era para melhorar o acesso às ruas secundárias, mas só fizeram o Minhocãozinho", diz Benedito. Carlos Lemos é definitivo: "É a coisa mais inútil do mundo."

E o edifício fantasma São Vito, na região do Mercado Municipal? Deteriorado, vazio (os moradores foram retirados), está há anos à espera de uma solução. Michel diz que esse é um assunto particular. "A cidade pode querer se meter, mas não devia."

Hoje, a Secretaria Municipal da Habitação pensa em ocupar o edifício com moradores que ganham de cinco a dez salários mínimos. Em fevereiro passado, o secretário Orlando de Almeida Filho cogitou uma solução mais imediata para os problemas do São Vito: implodi-lo.>

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