Sunday, April 15, 2007

Centro Coreográfico do Rio de Janeiro

O Centro Coreográfico do Rio de Janeiro, desenhado pelos arquitetos Luiz Antônio Rangel e Ricardo Macieira, ocupa parte das instalações de uma antiga fábrica de cerveja, na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro. O projeto conservou a imagem externa da edificação, considerada um marco na memória do bairro, concentrando as intervenções nos interiores, para adequá-los às especificidades do novo programa.

Ao projetar uma unidade do hipermercado Extra, no térreo e no primeiro andar das antigas instalações de uma cervejaria, no Rio de Janeiro, o arquiteto sugeriu ao grupo controlador Pão de Açúcar que cedesse à prefeitura carioca a utilização cultural da parte alta do prédio, inapropriada ao novo uso. Com o sinal verde da empresa, ele buscou uma parceria com a Secretaria Municipal das Culturas.

Foi assim que nasceu o complexo cultural, inaugurado no segundo semestre de 2004. O centro, dedicado ao estudo e pesquisa da dança, promove intercâmbios com artistas e especialistas, forma bailarinos, coreógrafos e diretores, além de produzir espetáculos.

O centro é composto por salas de dança e ensaio; centro de memória com biblioteca, videoteca e bancos de dados; sala de múltiplo uso, para conferências, seminários etc.; apartamentos para visitantes; sala de exposições/galeria de arte; loja de material de dança, café, auditório para 300 pessoas e administração/serviços.

O programa foi acomodado na totalidade do segundo ao sexto andares - tudo somado, chega a cerca de 3800 metros quadrados.

A antiga fábrica é composta por dois volumes ligados: o primeiro, erguido entre 1904 e 1914, abrigou a Hanseática, a primeira cervejaria do Rio; o segundo, dos anos 1940, foi construído pela Christiani Nielsen, responsável por várias instalações industriais do período.

Â"O bloco da Hanseática é um edifício eclético, com um tramo nos dois primeiros pavimentos e o resto da fachada em arcos romanos imitando tijolos, com mais dois pavimentos no torreão centralÂ", descreve Rangel. Ali, os interiores estavam divididos irregularmente. Â"Só se salvava o salão do segundo pavimento, com esbeltas treliças de concretoÂ", recorda o arquiteto.

O volume da década de 1940 fica na lateral do primeiro e, além do pavimento de acesso, possui quatro andares-tipo. Â"Ele tem fachadas semidéco, embasamento em pilares largos, tratamento vertical de cheios e vazios nos demais pavimentos, beiral saliente e telhado aparente com quatro águas. Os interiores são amplos e livres, com grandes pés-direitosÂ", diz Rangel.

As fachadas foram restauradas com base em pesquisa iconográfica e levantamento da pintura original. Atrás do conjunto, sobre o prédio do hipermercado, fica o volume das salas de dança - chamado de anexo -, sobre o qual existiam duas cúpulas, demolidas. Rangel propôs uma releitura desse elemento com a estrutura metálica coberta por lona (este último material não foi instalado).

O projeto foi elaborado de forma a garantir ao espaço cultural entrada e operação independentes. Externamente, o acesso ao hall e portaria de controle se dá por rampa e plataforma diante da escada. Ele deveria contornar a sala de espetáculos (volume novo, não construído), passando também pela loja de dança e café, o que, na opinião de Rangel, favoreceria a integração com o público externo – Â"mas não se construiu a sala nem se liberaram as lojasÂ", observa.

O acesso público ocorre, de fato, no terceiro andar, ocupado pelo centro de memória e sala de reuniões.

Do terceiro pavimento, pela escada do vazio do bloco da Hanseática, atinge-se o andar inferior, onde estão hall de serviço, foyer, camarins para bailarinos e a sala de dança, que, Â"na falta da sala de espetáculos projetada, tornou-se espaço cênicoÂ", informa o arquiteto.

No quarto piso ficam, além da sala de exposições, mais duas salas de dança (no anexo). No pavimento superior (quinto), ao qual se chega por elevador, está a administração. No último ficam os apartamentos para visitantes, com quartos no mezanino.








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