Sunday, April 15, 2007

Museu das Telecomunicações, Rio de Janeiro-RJ

Transição do tempo


Escolhido entre 63 propostas, em concurso realizado em 2000, o projeto do pequeno Museu das Telecomunicações - com inauguração prevista para este mês - é uma intervenção em prédio de 1918.

O partido visa mostrar as Â"características peculiares do antigo em contraposição ao novoÂ". Entre ambos, o conjunto de escadas cria a costura necessária e forma o volume único.

Antes da revitalização, o prédio abrigava o Museu do Telephone, com acervo de peças históricas não muito sedutoras para o público em geral. Com a privatização do setor de telecomunicações, o edifício tornou-se propriedade da concessionária Telemar.

A empresa, por meio de seu instituto cultural, resolveu modernizar o espaço, para que ele refletisse as novas tecnologias e contribuísse para a consolidação institucional da marca. Â"A representação imaterial da temática da comunicação foi uma das premissas do projetoÂ", informam os jovens profissionais à época reunidos no escritório Oficina de Arquitetos.

O programa é composto por diversas áreas de exposições, galeria de arte contemporânea, espaço de múltiplo uso (utilizado como auditório), cibercafé e administração.

Embora o prédio - que foi sede da Companhia Ferrocarril Jardim Botânico - não fosse protegido por órgãos do patrimônio histórico, o edital do concurso indicava a necessidade da manutenção de sua fachada principal, que de certa forma estava associada à antiga companhia telefônica. O projeto de revitalização teve como estratégia explicitar o diálogo entre o novo e o antigo.

Em primeiro lugar, foi mantida não só a fachada, mas toda a construção existente, situada na porção frontal, junto ao alinhamento. Para acomodar o restante do programa, os arquitetos criaram um volume, implantado no recuo do fundo.

Para facilitar o acesso ao museu, foi criada uma entrada pela lateral, na mesma cota da rua. Como o térreo do antigo edifício está em desnível em relação à via, os pavimentos dos dois volumes ficaram intercalados. Assim, toda a porção central do prédio foi destinada aos lances da escada de desenho irregular. Esta, transformada em verdadeira promenade architecturale, tornou-se o coração do espaço interno, ao mesmo tempo que delimita a intervenção através de grandes caixilhos e clarabóia, com brises automatizados.

Internamente, a diferenciação se dá pela organização da malha estrutural: enquanto a zona antiga é regular, com pilares de concreto de seção quadrada, a nova revela-se livre, com delgados pilares de seção circular. Os acabamentos também são distintos: o piso, por exemplo, mantém o assoalho existente e adota o cimentado na nova área. A fachada explicita, igualmente, o contraste: à restaurada contrapõe-se o fechamento com painéis de zinco-titânio, com rasgos irregulares que embutem a iluminação.

Entre as poucas modificações feitas no prédio do início do século passado estão o rebaixamento de parte do piso térreo (para acomodar o acesso e a recepção), o fechamento da entrada antiga e sua escadaria interna, e a substituição do telhado (de duas águas) por laje de piso que abriga parte do programa, cuja divisão acompanha a malha irregular.

Controversa na época do concurso foi a proposta de uma rua projetada, ainda não aberta, que transformará o museu em edifício de esquina. Somada a outra viela pública (limitada pela divisa do fundo), ela criará um pequeno quarteirão, que engloba a sede do IAB/RJ. Além de dar maior visibilidade ao museu, isso vai gerar grande facilidade de acesso, pois o pequeno lote possuirá três frentes.











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